segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sinfônica da Unicamp e bailarinos do Instituto de Artes se encontram na cena

Quando se pergunta à maestrina Simone Menezes (foto), regente da Orquestra Sinfônica da Unicamp, qual figura se rege com maior facilidade: bailarinos ou músicos, a mulher opta pela primeira. Busca em tom diplomático a explicação. Consegue: "Os bailarinos não emitem som. Por isso, a regência é de gestual para gestual", conta. Contudo, no próximo concerto da Sinfônica, com a participação de alunos do Instituto de Artes, a maestrina terá sob a sua batuta acordes e gestos. "Intervenções: Música e Dança" acontece na próxima terça-feira (14), às 20h30, no Teatro Luís Otávio Burnier do Centro de Convivência.

Parênteses: a apresentação integra um projeto interdsiciplinar coordenado pelo Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural (Ciddic), da Unicamp. O intuito é o de ousar: "Mudamos a forma do concerto, mas não o repertório. Algo que se usa muito na Europa e nos Estados Unidos", destaca. O primeiro deles, em agosto de 2010, propôs o encontro entre os músicos da Orquestra e tecnologia. "Simetrias" buscou " a partir do som da orquestra captado pelo microfone gerar, por meio de um software, imagens simétricas que eram projetadas".

No concerto em cartaz, os desenhos são construídos por meio do corpo do bailarino. Quatro deles: Natália Fernandes, Marina Matheus, Lucas Delfino e Gabriel Gargantol, ambos estudantes da faculdade de dança do IA da Unicamp. A direção tem assinatura da professora e coreógrafa Angela Nolf. Na verdade, provocação. Afinal, trata-se de dança contemporânea. "Eles, como criadores-intérpretes, colocaram a sua assinatura, contribuiram nas coreografias", conta Angela.

Dentre as peças do concerto (apenas uma terá os bailarinos), a coreógrafa escolheu "Suíte nº 1", de Igor Stravinsky, para ser dançada. Proposital. "A peça tem quatro movimentos e isso possibilita que quatro bailarinos pudessem dançar em quarteto, trio e solo. Isso, garante ações rítmicas diferentes". Para maestrina, a escolha foi perfeita. A peça não é tão conhecida dos ouvidos do espectador brasileiro. "Isso dá uma liberdade a mais ao coreográfo. Além de que, por escrever para bailarinos, as peças de Stravinsky tem este caráter para dançar", completa Simone.

As intervenções não param por aí. Além de dançar a peça ("há um momento em que eu faço a regência do bailarino"), o quarteto flerta com a orquestra em outros pontos do concerto. No início, por exemplo. Enquanto os músicos afinam os instrumentos, "eles estão lá aquecendo o corpo". Ou quando prenunciam o silêncio. Sendo assim, não são só os movimentos da suíte que se contrastam, mas também o biotipo dos bailarinos. "Isso fica claro na cena. Foi proposital". Por outro lado, como frisa a coreógrafa, o ponto de frenesi do espetáculo está no encontro. Coisa não tão usual. "É um luxo para o bailarino dançar ao som de uma orquestra ao vivo".

Programa
No programa do concerto, Stravinsky divide a atenção com Mendelsson, Osvaldo Lacerda e Manuel de Falla. "O concerto é aberto. Tem clássico, brasileiro, impressionista e contemporâneo", lista a maestrina. De Mendelsson, o espectador desfruta de "Abertura das Grutas de Fingal" (" as peças dele tem a mistura de Mozart com um quê de romantismo. Essa, mostra as impressões dele sobre as grutas") e de Osvaldo Lacerda: "Concerto para Flautim e Oquestra"."Remete ao Nordeste. Os flautins remetem aos pífanos, já as cordas às rabecas".

Se bem que, a apoteose do concerto, recai sobre "El amor brujo", de Manuel de Falla. "Uma peça grandiosa. Faz alusão às touradas e à música cigana". Bem como prega o nome da obra, "El Amor Brujo" narra a história de um amor maldito. Conduz o espectador à madrugada. "Tem um momento em que a orquestra faz as doze badaladas". Para a peça, a orquestra conta com a participação da mezzo-soprano Poliana Alves.

Clowns
Após o encontro com tecnologia e dança, a Sinfônica da Unicamp se prepara para encarar uma dupla de palhaços. O concerto está marcado para outubro. Na ocasião, a plateia confere as trapalhadas de Teotônio e Carolino, clowns interpretados por Ricardo Puccetti e Carlos Simioni, atores-pesquisadores do Lume Teatro. "Eles irão interagir com a orquestra enquanto ela toca. Algo como aquele desenho em que o Pernalonga rege uma orquestra", explica a maestrina. O programa do concerto, ainda em aberto, será inspirado em peças reconhecidas do período clássico. A seleção conta com a supervisão de Denise Garcia, diretora do Ciddic e viúva de Luís Otávio Burnier, fundador do Lume Teatro.

Serviço
O quê: Concerto "Intervenções: Música e Dança"
Quando: Terça-feira (14), às 20h30
Onde: Teatro Luís Otávio Burnier do Centro de Convivência (Praça Imprensa Fluminense, s/nº, Cambuí, fone: 19 - 3232-4168)
Quanto: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)

Nenhum comentário:

Postar um comentário