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quarta-feira, 25 de maio de 2016
27 a 29 de maio Espetáculo “Incêndios”, com Marieta Severo, chega a Campinas
Protagonizado por Marieta Severo e dirigido por Aderbal Freire‐Filho, o premiado espetáculo “Incêndios” realiza turnê no estado de São Paulo e chega a Campinas entre os dias 27 e 29 de maio, no Teatro Municipal José de Castro Mendes. Também estão programadas duas oficinas gratuitas, voltadas especialmente para atores (veja abaixo).
A peça foi recordista de indicações ao prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro), tendo conquistado quatro das dez categorias nas quais concorreu (espetáculo, atriz: Marieta Severo, atriz Coadjuvante: Kelzy Ecard e cenografia: Fernando Mello da Costa). Primeira montagem brasileira do autor libanês Wajdi Mouawad, apontado como um dos grandes nomes da dramaturgia contemporânea, o espetáculo também foi contemplado com o Prêmio Questão de Crítica de Melhor Ator pela atuação de Marcio Vito, Prêmio CENYM: Melhor espetáculo, Melhor direção: Aderbal Freire‐Filho, Melhor Texto Adaptado: Ângela Leite Lopes, Melhor atriz: Marieta Severo, Melhor atriz coadjuvante: Kelzy Ecard, Melhor Montagem Brasileira de uma Obra Original Estrangeira e Prêmio Botequim Carioca Melhor Atriz: Marieta Severo, Melhor Ator Coadjuvante: Isaac Bernat, entre outros.
A escrita de Wajdi Mouawad é marcada por situações devastadoras: guerras, exílios, perdas e injustiças. Não à toa, “Incêndios” (2003) é o título de seu mais celebrado espetáculo, com dezenas de prêmios, elogiadas produções ao redor do mundo e um longa‐metragem homônimo, dirigido por Denis Villeneuve e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
A engenhosa carpintaria de Mouawad despertou a atenção de Marieta Severo para a saga da árabe Nawal, cuja vida é atravessada por décadas de uma guerra civil que parece nunca ter fim. Ela passa seus últimos anos em voluntário exílio no Ocidente, onde morre e deixa em testamento uma difícil missão para seu casal de filhos gêmeos (Felipe de Carolis e Keli Freitas): encontrar o pai e também um irmão perdido em seu remoto passado no Oriente.
“É a história de três destinos que buscam suas origens, em uma tentativa de solucionar a equação de suas existências”, resumiu Mouawad na apresentação da primeira montagem da peça. A trajetória da protagonista encontra paralelo na vida do autor, nascido no Líbano, mas radicado no Canadá desde a década de 1980. Encenado com sucesso em 15 países, “Incêndios” chegou às mãos de Marieta e Aderbal através do ator Felipe de Carolis.
O jogo teatral e a tragédia contemporânea
peça incêndios teatro castro mendes campinas marieta severo Responsável por sublinhar o caráter assumidamente teatral de recentes montagens como “Jacinta” (2012), “Hamlet” (2008), “As Centenárias” (2007) e “O Púcaro Búlgaro” (2006), Aderbal se viu estimulado pela dramaturgia de Mouawad. “Os textos são altamente poéticos ao falar das tensões entre homem e sociedade. Mesmo situando os personagens e ações em um contexto real, a peça não localiza geograficamente a ação, apenas sabemos que se trata de Ocidente e Oriente, as cidades têm nomes inventados e datas de fatos históricos são modificadas”, comenta.
A conhecida adaptação cinematográfica da peça pode sugerir uma maior adequação da história ao cinema. No entanto, Aderbal acredita que o teatro é o meio de expressão ideal para “Incêndios”: “Não só por ter sido concebida como uma peça de teatro e pela ilusão do teatro permitir mais liberdade ao entrelaçamento das ações, como também pelo fato do cinema ter abdicado de alguns valores importantes da peça original. Personagens e cenas fundamentais, por serem mais adequados ao teatro, foram cortados do filme, que nem por isso deixa de ser um grande filme”, afirma o diretor.
Marieta interpreta a protagonista da juventude aos momentos finais, passando por episódios dramáticos, como a adesão à guerrilha, a incessante busca pelo filho perdido e as dificuldades de ser mulher na região. “É o desafio de fazer um épico, explorar as possibilidades deste gênero e interpretar as variadas idades e fases da personagem”, avalia a atriz. A seu lado, além de Felipe de Carolis e Keli Freitas, estão Márcio Vito, Kelzy Ecard, Fabianna de Mello e Souza, Isaac Bernat e Flávio Tolezani.
Programação de oficinas (28 e 29/05, das 9h às 13h):
Tema 1: Preparação para criação - com Fabianna de Mello e Souza
Objetivo: A oficina pretende investigar o papel que o ator no processo de criação coletiva a partir da experiência da atriz Fabianna de Mello e Souza durante nove anos junto a trupe do Théâtre du Soleil.
Como deve o ator contemporâneo preparar-se para criação? Esta oficina introduz uma refllexão sobre o engajamento do ator no processo criativo, sua autonomia e responsabilidade, assumindo na criação o motor principal. Na cia francesa o ator participa de todas as fases da criação: da pesquisa que precede até o jogo em cena, passando pela organização do espaço, aquecimento corporal, preparação das improvisações e criação de figurinos, etc. Nesta oficina será criado um laboratório de ensaio a partir do tema/texto escolhido. Será introduzido o conceito de organização do espaço repensando a disposição em relação a cena além de propor uma compreensão na organização do tempo necessário para o processo criativo.
Técnicas de coro e corifeu e a criação de partituras serão compartilhadas além de experimentar técnicas de desenvolvimento da cena através da copia e do revezamento entre atores.
A oficina tem como objetivo também introduzir novas técnica de treinamento corporal revistando o movimento a partir do conceito da transposição.
Inscrições pelo e-mail: oficina.fabianna.campinas@gmail.com
Tema 2: O olhar do griot e o ofício do ator - Com Isaac Bernat
Objetivo: A partir dos anos de convivência com o griot africano Sotigui Kouyaté, a oficina pretende investigar o papel que o ato de contar histórias individualmente e em grupo pode ter no reconhecimento da identidade do ator, bem como na afirmação e no fortalecimento de sua autonomia criadora. A oficina é fundamentada na convivência de 10 anos com Sotigui Kouyaté que originou a tese de doutorado: “O olhar do griot sobre o ofício do ator: uma reflexão a partir dos encontros com Sotigui Kouyaté”. A tese deu origem ao livro “Encontroscom o griot Sotigui Kouyaté”. Os griots têm uma função indispensável na África Ocidental, pois são a memória do continente africano. Os griots são sábios itinerantes, conselheiros dos reis e de chefes tradicionais, mediadores e mestres de cerimônias em todas as épocas. Conhecidos como mestres da palavra são também, cantores, músicos e contadores de história.
Inscrições pelo e-mail: oficina.osaac.campinas@gmail.com
Serviço:
Teatro: peça “Incêndios”
Local: Teatro Municipal José de Castro Mendes. Rua Conselheiro Gomide, 62, Vila Industrial – Campinas
Data: de 27 a 29 de maio
Horário: sexta e sábado, 21h; domingo, 17h
Ingressos: R$ 25 (inteira) R$ 12,50 (meia entrada)
Vendas: www.compreingressos.com
Informações: (19) 3272‐9359
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