De trilhas a festas, as fazendas dos distritos de Campinas estão se modernizando para receber um público diferenciado. Algumas têm sites e abrem seus portões para os visitantes, unindo a história aos tempos modernos. Existe até mesmo um curso que ensina os proprietários e produtores a desenvolverem esse tipo de turismo de forma profissional.
Na região, há fazendas preparadas para receber públicos diversos que buscam um local para se casar, ter aulas em um espaço aberto, promover eventos empresariais, almoçar ou tomar café da manhã nesses ambientes, que ainda mantêm preservada sua história. Entre elas, estão a Fazenda das Cabras, a Fazenda Santa Maria e a Fazenda Tozan.
Casamento na fazenda
Casamento na praça do café, dentro da fazenda. Em Joaquim Egídio, a 25 quilômetros do Centro de Campinas, a Fazenda das Cabras é procurada para trilhas e visitação ecológica, porém uma nova demanda está surgindo para as fazendas atualmente: estão sendo buscadas para festas, eventos de empresas e casamentos. As noivas não querem mais um salão, elas querem decoração de velas e se casar em local com riqueza histórica.
A decoração para as festas é acompanhada de perto pelos proprietários, para que tudo continue preservado. A fazenda mantém sua arquitetura do século 19, onde alguns ambientes conservam pinturas originais nas paredes. É proibido colar a decoração, portanto deve ser feita com fitas.
A propriedade da fazenda data de 1798 e a construção foi erguida em 1820. O local possui um grande espaço verde, além dos prédios históricos bem conservados. O bezerreiro de antes se tornou um loft para as noivas receberem os familiares. O local mistura móveis de época com objetos modernos e pode abrigar até 25 pessoas. Quatro espaços foram reformados para servirem de quartos, tudo a caráter, que podem ser usados para que a noiva se arrume, se maquie e guarde os presentes. Outro é decorado para as crianças.
Para quem gosta de conhecer a história da cidade, a fazenda é um ótimo local, que é preservado com cuidado e está aberto para visitação agendada há um ano e meio. Café da manhã, trilhas ecológicas, viveiro de mudas da região – com parceria da SOS Mata Atlântica, onde se produz 200 mil mudas por ano - são opções interessantes para se escolher na hora da visita. O local possui mata fechada, espelhos d'água e tulha, que fizeram parte da época dos barões do café de Campinas. Entre as características mais especiais, há uma de 1883, ano em que foi construída a casa sede, cuja data está grafada acima da porta de entrada.
A fazenda recebe escolas para visitação e teatro, como o Projeto Folclore, feito por uma equipe que utiliza o espaço da fazenda, em que as crianças procuram os personagens pelo local e podem conversar com a sereia e o saci. Algumas empresas buscam a fazenda para workshops e cursos rápidos aos funcionários.
Para obter mais informações e agendar visitas, o site é http://www.fazendadascabras.com.br/.
Restaurante e educação ambiental
Localizada em uma Área de Proteção Ambiental (APA) de Joaquim Egídio, a Fazenda Santa Maria possui um restaurante aberto aos sábados, domingos e feriados, que serve filé mignon com licor de jabuticada, produzido na fazenda. Quem almoçar lá pode ainda visitar a capela, que fica aberta nesses dias. Outra atividade é o passeio histórico cultural, que conta desde a fundação da fazenda até hoje e a importância dela no ciclo cafeeiro. Com duração de duas horas, tem o valor dividido pelo número de participantes, que podem ser no máximo 20.
A fazenda desenvolve também um programa voltado para alunos do ensino infantil e fundamental de escolas públicas e privadas. Chamado "Mãos à Terra", faz atividades de passeio no patrimônio histórico, como a senzala e capela, visita ao curral e ao cafezal, reciclagem do lixo, estudo do solo e muito mais. A fazenda foi fundada em 1830 e seus atuais proprietários a adquiriram em 1989. Ao longo de 12 anos trabalharam em um processo de recuperação da casa-sede e de todo o seu entorno.
Para conhecer mais sobre a Fazenda Santa Maria, ou agendar passeios, o site é http://www.fsantamaria.com.br/.
História da imigração japonesa e produtos típicos
A imigração japonesa é o diferencial da Fazenda Tozan, que tem origem em 1798, localizada na rodovia Campinas-Mogi Mirim, Km 121,5. Existem dois roteiros que podem ser escolhidos pelos visitantes, através de agendamento.
Um deles enfoca a imigração japonesa e o outro mostra a história do café.
De acordo com a escolha, a Tozan proporciona aos visitantes conhecer uma fazenda de café em pleno funcionamento com visita a senzala, casa de colono, museu Casa do Café, viveiro, cafezal, terreiro, torrefação e mirante, localizado no ponto mais alto da propriedade.
Os passeios podem ainda ser divididos entre meio período ou período integral, que podem incluir café da manhã ou almoço, por exemplo. A Alimentação na Fazenda é baseada em uma mistura cultural gastronômica, ou seja, pratos típicos brasileiros são preparados com temperos japoneses.
O churrasco tem a carne temperada com missô, uma massa à base de arroz e soja. O arroz carreteiro, prato que surgiu com os boiadeiros, na Tozan é preparado com temperos e condimentos japoneses.
"Os alimentos daqui reforçam a cultura brasileira e trazem os benefícios da culinária japonesa, que é cozida e não tem sal, portanto é muito saudável. Os brasileiros que conhecem churrasco tem a sensação de leveza quando comem o churrasco da fazenda. A salada é colhida minutos antes de ir para a mesa e o saquê acompanha a degustação", conta Gregório Haddad, coordenador cultural da Fazenda Tozan.
Na fazendas são também vendidos produtos de alimentos orgânicos e produtos japoneses, como saquê, shoyo, missô e vinagre de arroz. Para agendar visitas e saber detalhes de cada passeio, os itens inclusos e valores, os interessados podem entrar em contato pelo telefone 3257-1236 ou mandar um email para gregorio@tozan.com.br.
Programa de Turismo Rural
Para aprender a lidar com este público, existe um curso, chamado Programa de Turismo Rural. Realizado pelo Sindicato Rural de Campinas (SRC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em parceria com a Secretaria Municipal de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo (SMCIST), ele tem duração de 10 meses.
Voltado para os produtores e proprietários rurais, engenheiros agrônomos e interessados na área, o curso tem o objetivo de implantar o turismo rural nas propriedades como forma de complemento de renda. Nele os alunos podem aprender sobre oportunidades de empreendimentos, identidade e cultura, gestão, ponto de vendas de produtos, meios de hospedagem e de alimentação, atividades em áreas naturais, atender e encantar o cliente e resgate gastronômico.
O programa é dividido em dez módulos mensais, que somam um total de 240 horas combinadas entre aulas teóricas e práticas. Em 2009, o as aulas vão começar no início do ano. As inscrições são feitas antes do início do curso e só quem está inscrito desde o primeiro módulo pode freqüentar as aulas até o final do programa. O curso é gratuito e todos os participantes recebem um certificado ao final, desde que atinjam 80% de freqüência.
Os proprietários da Fazenda das Cabras foram alguns dos alunos do programa em 2008. No dia 12 de novembro, quarta-feira, o local vai sediar o encerramento do curso este ano. O evento vai mostrar os resultados práticos do programa e, na ocasião, será realizado um roteiro turístico pela Fazenda.
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